Fenomenal, surpreendente, enriquecedor, emocionante, realizador, a oportunidade que toda mulher na engenharia gostaria de ter, um grande aprendizado, inesquecível, incrível, gratificante.
Assim as dez mulheres que trabalharam em cinco equipes da Mit Cup, na sexta etapa, disputada no sábado, 1º de novembro, em São João da Boa Vista (SP), definem sua participação no FIA Girls On Track Brasil Estágio em Motorsports, realizado pela CFA (Comissão Nacional Feminina de Automobilismo) da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo).
Feito em parceria com a SAE Mulheres, da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), comandada por Daniela Lucchese, que lá coordena o Projeto Acelerando com Elas junto com a engenheira Rachel Loh, integrante da CFA e da FIA Girls on Track Brasil (FIA GOT BR), o quinto e último estágio da temporada 2025 reuniu nove estudantes de engenharia e uma jornalista, vindas de Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
Maravilhoso – Tanto as estudantes de engenharia, participantes dos projetos extracurriculares Baja SAE e Fórmula SAE, quanto a jornalista responsável por cobrir o estágio para o Instagram da CFA, ficaram encantadas com a experiência. E, com isso, provocaram o encanto de quem trabalhou na organização. Rachel Loh, a coordenadora do estágio, emocionada em sua primeira vez na Mit Cup, pois começou em automobilismo competindo no Baja SAE enquanto estudava engenharia mecânica na Universidade Federal Fluminense, ficou contente com o resultado.
“Foi maravilhoso! A interação das estagiárias com as equipes foi sensacional. E elas puderam ver a Bia Figueiredo e a Antonella Bassani, pilotas de destaque, convidadas da Mitsubishi, em ação, a Bia correndo e a Antonella fazendo a Experiência para Convidados, além das mulheres que já correm na Mit Cup. Saíram muito motivadas e inspiradas. E uma equipe que nem teve estagiária veio me pedir indicação de meninas para trabalhar”, conta a primeira engenheira do automobilismo brasileiro.
Mais feedback – “O estágio foi fantástico”, endossa Daniela Lucchese, líder da SAE Mulheres. “Ver o entusiasmo no rosto das estagiárias pelo conhecimento adquirido nos mostra que estamos no caminho certo. A experiência foi única. E a parceria da SAE Mulheres com a CFA no projeto FIA Girls on Track Brasil Estágio em Motorsports confirma que juntas somos muito mais fortes!”.
Esta edição do estágio teve a presença de Erika Prado, engenheira da TMG Racing na Fórmula 4 Brasil e líder do movimento Girls Like Racing Brasil, que, nesta temporada, colabora por meio de mentoria em que dá dicas às selecionadas sobre como fazer currículos, sobre postura nas equipes, e faz briefing técnico sobre a categoria e seus regulamentos. “Estar lá me permitiu buscar o feedback delas e das equipes, enriquecer a experiência tecnicamente, e prepará-las ainda mais para o dia-a-dia dentro das equipes, para quando elas vierem a conseguir emprego na área”, conta Erika.
Diferencial brasileiro – Até Thaynara de Alcantara Ramos, advogada trabalhista fluminense de 27 anos, também assistente de marketing de uma empresa, que estreou como voluntária da CFA, para colaborar na coordenação do estágio, acabou, de certa forma, estagiando na área de comunicação: “Comecei ajudando a pré-selecionar as estagiárias e, além de dar suporte para elas no geral, fotografei, filmei e ajudei a Beatriz na cobertura para as redes sociais. Foi gratificante demais ver como as meninas estavam empenhadas e realizando sonhos”.
Bia Figueiredo, presidente da CFA – criada por Giovanni Guerra, presidente da CBA, em 2023 – e comandante da FIA Girls on Track Brasil desde 2021, também deixou o circuito de São João da Boa Vista encantada com o saldo do estágio.
“A Mitsubishi, o Guiga Spinelli, diretor geral da Mit Cup e CEO da Spinelli Racing, e as equipes da Mit Cup sempre nos recebem de braços abertos. Somos muito gratas por isso. Todos os nossos projetos são importantes para aproximar meninas e mulheres do automobilismo, nos moldes do que a FIA Girls on Track faz mundialmente. Mas o Estágio em Motorsports é um projeto nosso, brasileiro. E é animador ver como faz diferença na vida de quem participa, resultando em várias estagiárias já trabalhando em diversas áreas do automobilismo e outras tantas convictas de que querem isso. O que nos deixa bem felizes”, conclui Bia.
O que disseram as estagiárias
Beatriz Capistrano Bardenn, estágio em comunicação com a CFA, 27 anos, paulistana, jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi: “Foi simplesmente fenomenal. Costumo trabalhar com estratégia, planejamento de comunicação e imprensa sempre mais no backstage. Estar envolvida com a captação e edição de conteúdo para uma rede social foi algo novo para mim. Não imaginei que iria gostar tanto. Saí do estágio com a confiança de que posso fazer outras coisas. Perceber isso dá uma sensação muito boa”.
Bruna Batista dos Santos, estágio em engenharia na GP Racing, 20 anos, de Sorocaba (SP), estudante de engenharia mecânica na UNIP (Universidade Paulista): “Foi surpreendente, incrível, surreal. Fui com uma expectativa e o estágio a ultrapassou! Aprendi tantas coisas! Como funciona o mundo do rally, os papéis da equipe, engenheiros, mecânicos, pilotos, navegadores, como é a organização… E me joguei na prática. Montei meu primeiro diferencial e minha primeira bomba de direção, fiz minha primeira calibragem de pneu, minha primeira troca de roda… Foram muitas primeiras vezes. Gostei muito disso. Acho que o bichinho das corridas me picou”.
Camila Rodrigues Santa Rosa da Cunha, estágio em engenharia na Spinelli Racing, 20 anos, paulistana, estudante de engenharia mecânica na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo): “Foi inesquecível, tanto profissionalmente, por ter tido várias experiências técnicas fantásticas, quanto pelas pessoas que conheci. Aprendi principalmente a entender os sistemas de sinalização da navegação, calibragem de pneus, o funcionamento do software Pro Tune na análise de dados… Esse estágio fez com que eu saísse da minha zona de conforto completamente. Já não sou mais a mesma de antes. Sinto que evoluí, tanto profissionalmente quanto emocionalmente”.
Catharina Victoria Guerra, estágio em engenharia na Spinelli Racing, 20 anos, paulistana, estudante de engenharia mecânica automobilística na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial): “Foi uma das mais marcantes experiências da minha jornada no automobilismo. Trabalhar em uma equipe profissional me proporcionou grande aprendizado e reforçou meu desejo de seguir nessa área. Todos foram muito receptivos, sempre dispostos a tirar dúvidas e explicar o funcionamento de tudo. No fim da sexta-feira pude ainda conversar com o pessoal da Chico Racing. Esse estágio contribuiu muito para o meu aprendizado e desenvolvimento”.
Larissa Aires Leão Ribeiro, estágio em engenharia na ProMacchina, 21 anos, paraibana de Campina Grande, estudante de engenharia mecânica na UFCG (Universidade Federal de Campina Grande): “O estágio foi um grande aprendizado e muito incrível. Pude adquirir novas habilidades como uso do software Pro Tune na melhora de performance dos carros, calibração e escolha de pneus de acordo com a pista, rugosidade adequada nas pastilhas de freios, implementação de elementos para melhorar o desempenho do carro como servo freio e calibração dos amortecedores de acordo com a pista. Nesse estágio eu pude ter contato direto com o automobilismo e me apaixonar mais. Agora, tenho mais certeza de que quero trabalhar nessa área de motorsport”.
Patrícia Duarte da Mota Porto, estágio em engenharia na ProMacchina, 25 anos, da capital federal, estudante de engenharia mecânica na UnB (Universidade de Brasília): “Foi uma experiência incrível. A equipe e os pilotos foram super acessíveis. Consegui aprender muito sobre o rally, de que eu gosto por participar de equipes da Baja SAE. Aprendi muito sobre os carros, sobre o funcionamento de uma outra modalidade. Vou levar muitos conhecimentos para minha equipe de baja. E todos os contatos que fiz vão ajudar na minha carreira”.
Pétala Betânia do Nascimento Santos, estágio em engenharia na Accert Competições, 23 anos, maranhense, estudante de engenharia mecânica da EESC-USP (Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo): “Foi uma experiência enriquecedora, emocionante e realizadora, me proporcionou a oportunidade de aprender mais sobre rally e acompanhar uma competição de forma profissional, e até a dar duas voltas nos treinos no assento do navegador.
A Rafaela e eu ficamos responsáveis por pegar os dados de desgaste, temperatura e pressão dos pneus antes de saírem do box e durante treinos e provas, para análise da equipe. Também troquei roda, operei o macaco hidráulico, observei e tirei dúvidas durante a troca do cubo da roda, a troca da mangueira de alimentação, a quebra do suporte da alavanca do câmbio… Senti como é dar o próximo passo fora da universidade , o ‘depois’ do projeto de extensão.O estágio reforçou o desejo de continuar me envolvendo com automobilismo.”
Rafaela Ribeiro Silva, estágio em engenharia na Accert Competições, 23 anos, mineira, estudante de engenharia de produção na Universidade Federal de Juiz de Fora: “Foi incrível! Foram três dias intensos. Vivi momentos únicos, como andar no carro Eclipse Cross, entender de perto como funciona a navegação e como é o trabalho dos navegadores.
Aprendi sobre o Pro Tune, conheci novos sensores e descobri várias coisas que nem imaginava. O estágio também me ajudou a desenvolver novas habilidades em comunicação, trabalho em equipe e agilidade nas decisões. Essa vivência vai ter impacto enorme na minha carreira. E me mostrou o quanto é importante sair da zona de conforto, se desafiar e viver novas experiências”.
Samantha da Silva Castro, estágio em engenharia na Avaut Racing, 25 anos, fluminense, estudante de engenharia mecânica na UFF (Universidade Federal Fluminense): “Esse estágio foi a oportunidade que toda mulher na engenharia gostaria de ter. Se eu resumisse em três palavras seriam: sinergia, pertencimento e imersão! Cada minuto teve valor. Foi uma oportunidade de crescimento profissional e pessoal. Todas aprendemos sobre colaboração, liderança e resiliência.
Com a Avaut Racing, vi de perto a rotina de uma equipe profissional: foco, comprometimento e eficiência em cada mínimo detalhe. Acompanhar pilotos, navegadores e mecânicos me fez entender como cada função impacta o desempenho do conjunto. Nada é feito sozinho. Tudo exige coordenação, comunicação e confiança. Esse estágio mostrou, na prática, o que significa abrir portas e criar oportunidades reais para mulheres no automobilismo”.
Samara Santos Caetano, estágio em engenharia na Avaut Racing, 20 anos, de Curitiba, estudante de engenharia mecânica da UFPR (Universidade Federal do Paraná): “Foi inesquecível. Aprendi como funciona a comunicação entre pilotos e navegadores, como se lê a planilha de bordo e se prepara o carro, sobre dinâmica veicular, influência de cada tipo de pneu, técnicas que pilotos e navegadores usam e muito mais.
Ajudei a organizar o box, calibrar os pneus, ajustar as rodas… Pude conversar com muitas pessoas e conhecer muitas coisas diferentes. Esse estágio terá impacto muito grande na minha carreira, pois me abriu um mundo que antes era muito distante. Sempre gostei muito de fazer parte das competições do Baja SAE, mas não sabia que há a possibilidade de trabalhar com algo parecido depois da universidade. Enxergar essa opção de ingressar no automobilismo foi fundamental para eu ter a certeza de que é isso o que eu quero para minha carreira”.
Patrocínio – O FIA Girls on Track Brasil Estágio em Motorsports tem patrocínio da FIA, da CBA, do BRB e da Porto.
Sobre CFA e FIA Girls on Track Brasil – Com o objetivo de aumentar a presença de mulheres no automobilismo, nas pistas e em todas as funções do motorsport, a Comissão Nacional Feminina de Automobilismo (CFA) da CBA desenvolve ações em diversas áreas e vários formatos com o selo FIA Girls on Track Brasil.
Em 2025, foi realizada a série de aulas e palestras online Imersão para Mulheres em Motorsport, em parceria com a Equipe AMattheis Motorsport; o Estágio em Motorsports na Porsche Cup, na Stock Car, na Endurance Brasil, na Copa Truck, e na Mit Cup; a FIA GOT BR Seletiva de Kart; a Experiência para Estudantes na Porsche Cup e na FIA WEC; a segunda edição mundial do FIA CareerShift, para moças e rapazes, coordenada pela CFA, na FIA WEC; o Campeonato de E-Sports FIA Girls on Track, primeira competição feminina de e-sports automobilístico do País, em parceria com a CNAV (Comissão Nacional de Automobilismo Virtual) da CBA; a primeira participação da Equipe FIA Girls on Track Brasil no Sertões, maior rally das Américas. A Experiência para Estudantes na Fórmula 1, em novembro, e na Fórmula E, em dezembro, completam a agenda da temporada.
Em 2024, a programação da CFA teve a Experiência para Estudantes na Fórmula 1; duas edições da Experiência para Estudantes na Fórmula E; Estágio em Motorsports no GP de São Paulo 1000 Milhas de Interlagos, na Porsche Cup, na Stock Car, na Fórmula 4 Brasil, na Copa Truck e na Mitsubishi Cup; Seletiva de Kart; e a participação na Mitsubishi Cup com o time FIA Girls on Track Brasil no Eclipse Cross R #61 da equipe Spinelli Racing. Desde 2021 a CBA promove as ações do FIA Girls on Track no Brasil, sob comando de Bia Figueiredo, que, desde 2022, também representa a América do Sul na FIA Women In Motorsport Commission.