Em Agosto, às 19h00, no Grande Auditório
8 de Agosto: Les principes créatifs
Orquestra de Câmara Portuguesa
Direção Pedro Carneiro
Encenação Teresa Simas
Flauta Rui Borges Maia
Harpa Maria Sá Silva

Programa
Wolfgang Amadeus Mozart Concerto para Flauta e Harpa em Dó Maior, K. 299
Dmitri Shostakovich (arr. Rudolf Barshai) Sinfonia de Câmara, op. 110a
Giacinto Scelsi Ohoi – Les principes créatifs
«“Scelsi é um compositor que nunca existiu”, afirmou o próprio. Este não-compositor intitulava-se “carteiro”. Um mensageiro entre dois mundos. Scelsi iniciou a sua série de extraordinárias meditações musicais num segundo período criativo, após a Segunda Guerra Mundial e num momento de profunda depressão. Assim nasceu esta misteriosa composição, Ohoi – Les principes créatifs, um rito de passagem límpido e eterno.
D–S–C–H. A semente musical utilizada por Shostakovich para germinar o seu oitavo quarteto de cordas (que ouviremos na versão para orquestra de cordas do violetista e chefe de orquestra Rudolf Barshai) criado em 3 dias de visita à cidade de Bremen, devastada pelos bombardeamentos das forças militares britânicas e norte-americanas. Escrita em memória das vítimas da guerra, D–S–C–H representa as notas musicais Ré-Mi bemol-Dó-Si, no sistema de notação alemão. Uma reminiscência?
Mozart criou esta tapeçaria de geometria e luz, um exemplo de simplicidade e beleza nas mãos hábeis de duas gerações de solistas, o flautista Rui Borges Maia e a jovem harpista Maria Sá Silva (aluna da Jovem Orquestra Portuguesa).
Não será esta simplicidade o desafio mais transcendente? Mozart e Shostakovich escutam uma meditação enigma do “carteiro” Scelsi.
Que nos podes dizer sobre a tua Música? O mesmo que vós. Acho que não tenho nada a acrescentar.»
Pedro Carneiro, Abril 2021
15 de Agosto: Exsultate, jubilate!
Ana Paula Russo com a orquestra La Nave Va
Soprano Ana Paula Russo
Trompete Stephen Mason
La Nave Va
Direção musical e flauta solo António Carrilho

Programa
Georg Philipp Telemann Ouverture – Suite em Ré Maior, TWV 55: D21
Johann Sebastian Bach Cantata Jauchzet Gott in allen Landen, BWV 51
Carl Philipp Emanuel Bach Concerto para Flauta e Orquestra, Wq 22
Wolfgang Amadeus Mozart Exsultate, jubilate, K 165
Exsultate, jubilate K.165, motete para uma voz solista, é uma das mais conhecidas obras de W. A. Mozart. O brilhantismo desta obra resulta do entusiasmo de um Mozart muito jovem que, com apenas 16 anos, bem no final do ano de 1772, conheceu, na corte ducal de Milão, o virtuoso castrato Venanzio Rauzzini (1746-1810). Os seus malabarismos vocais impressionaram de tal forma o jovem austríaco, que o inspiraram na composição de uma das mais imortais páginas de música, decorrendo a sua estreia a 17 de janeiro de 1773 na citada cidade italiana.
A exuberância do seu Alleluja integra, certamente, o imaginário de todos nós.
É essa exuberância e alegria, renovada por um tempo que, desejamos todos, constitua um virar de página definitivo da realidade pandémica que sobre nós se abateu, que o agrupamento La Nave Va, dirigido pelo não menos virtuoso António Carrilho, se propõe apresentar um programa pensado como um convite. Um convite ao público para se deixar guiar pelo conforto das brilhantes e calorosas harmonias barrocas, assinadas por alguns dos mais notáveis compositores da época, como Telemann ou C. P. E. Bach, coroadas aqui pela mensagem redentora da cantata de J. S. Bach Jauchzet Gott in allen Landen BWV 51 («Aclamai Deus em todas as nações! Todas as criaturas que o céu e o mundo contêm devem exaltar a Sua glória»).
Jenny Silvestre
22 de Agosto: María de Buenos Aires
Ópera de câmara em duas partes de Astor Piazzolla
Soprano solista Ana Ester Neves
Barítono solista Christian Luján
Recitante solista Guido Lisioli
Encenação e coreografia Catarina Moreira
Piano e direção musical Daniel Schvetz

Programa
María de Buenos Aires
Ópera de câmara em duas partes de Astor Piazzolla (1921 – 1992)
Libreto de Horacio Ferrer (1933 – 2014)
Os 17 quadros de María de Buenos Aires:
1. Alevare; 2. Tema de María; 3. Balada renga para un organito loco; 4. Yo soy María; 5. Milonga carrieguera; 6. Fuga y mistério; 7. Poema valseado; 8. Tocata rea; 9. Miserere canyengue;
10. Contramilonga a la funerala por la primera muerte de María; 11. Tangata del alba;
12. Carta a los árboles y a las chimeneas; 13. Aria de los analistas; 14. Romanza del duende poeta y curda; 15. Alegro tangabile; 16. Milonga de la anunciación; 17. Tangus Dei
María de Buenos Aires é um espetáculo teatral/musical — o primeiro no género de ópera-tango de Astor Piazzolla — com libreto de Horacio Ferrer, poeta uruguaio-argentino que escreveu também poemas para vários tangos de Piazzolla.
O enredo, complexo e com laivos surrealistas, desenvolve-se ao longo de 17 quadros, alternando entre secções cantadas, recitadas ou exclusivamente instrumentais, onde acompanhamos a vida, morte, ressurreição e maternidade de María. A protagonista deambula entre personagens típicos e cenas do quotidiano da capital argentina, cruzando-se com um poeta narrador que é também um duende, várias marionetas sob seu controle, e um circo de psicanalistas.
María e a sua sombra são a representação de Buenos Aires, associadas ao tango, à vida das ruas e da noite. Mas a personagem encerra em si múltiplas leituras e surge frequentemente associada tanto à Virgem Maria e a Jesus Cristo, como à condição feminina.
A obra estreou na Sala Planeta em Buenos Aires, a 8 de maio de 1968. O próprio compositor classificou-a de «Operita», que poderemos considerar «de Câmara», e é apresentada com um efetivo de onze instrumentistas, dois cantores solistas (uma soprano e um barítono), um recitante e um grupo coral de pequeno formato (com 4 a 6 elementos) também recitante.
Jenny Silvestre