Depois de “Teima” e “longe.com”, “love fora de stock” dá continuidade à leva de singles rumo ao seu primeiro trabalho a solo
Do endereço à encomenda não se perdeu nada pelo caminho nem foi preciso esperar assim tanto. E se em “longe.com” esse endereço nos levou a um lugar imaginário e, simultaneamente, bem real, “love fora de stock” volta a puxar-nos à terra do custo que as escolhas nos impõem. Sina de quem “teima” em apostar fichas sucessivas num jogo viciado à partida.
Essa tem sido, aliás, a linha transversal ao caminho feito por pikika nesta nova jornada. Da cantora e compositora do Alto Alentejo têm-nos chegado diferentes peças de um mesmo puzzle, que se tem vindo a montar à medida que ela própria, a seu tempo, se dá a conhecer.
Rosto invariavelmente a metade, porque a atenção deverá ser depositada no que tem a dizer, que passa inevitavelmente pelos infortúnios do coração — e são eles sentidos de formas bem distintas, de tal forma que se manifestam, por isso mesmo, em registos diametralmente opostos até.
Com FRANKIEONTHEGUITAR novamente do seu lado no que diz respeito à composição instrumental, sobressai um contraste directo entre as abordagens de “longe.com” e “love fora de stock”.
Se naquele somos guiados pelo fio condutor da guitarra subjacente a toda a cama melódica do tema produzido por Frankie, neste o produtor e guitarrista do Porto evidencia uma cadência de batidas viradas para o jersey club que dão a pikika um outro fulgor — alavancado pela vertiginosa realização de Tommy Loureiro e João Serrano — na hora de expor o que nos tem a confessar. Nessa matéria, stock não lhe falta.