Seis meses depois da primeira apresentação ao vivo do álbum ‘Samba de Guerrilha’, no teatro da Trindade, Luca Argel regressou a Lisboa, ao teatro Maria Matos, para uma segunda apresentação, desta vez mais elaborada, com narração de Nadya Iracema acompanhada por imagens e texto em video hall, ilustrando a história da colonização e escravidão dos negros no Brasil.
No primeiro espectáculo na Trindade a narração esteve a cargo do próprio Luca Argel, neste foi Nadya quem nos contou a história de mais de três séculos desde a colonização do Brasil, passando pelo fim da escravatura e da importância dos negros na cultura musical no país. A música, tocada por Luca Argel e a sua banda, acompanhava o texto em que cada tema tocado estava relacionado com a parte descrita da história.
Se o grafismo elaborado apresentado em video hall ilustrou e enriqueceu a apresentação, a narrativa a cargo de Nancy, que foi perfeita na forma como se expressou e comunicou, retirou um certo intimismo musical ao espectáculo, acabando por deixar Luca Argel para segundo plano, dando a ideia que o espectáculo era teatral/narrativo e que durante a narração a banda tocava uns temas a propósito.
A música essa alternou entre ritmos fortes do samba, com temas mais calmos, intensos e melancólicos e tal como já tinha acontecido na Trindade, Luca Argel e a banda encheram literalmente a sala de público, de fãs, de acordes e ritmos diferenciados que, mesmo tendo a narrativa quebrado a cadência musical, nos conseguiu prender até final. Luca Argel é sem dúvida um músico diferenciado.
Alinhamento: Pesadelo – Samba do Operário – Toque de São Bento Grande de Angola – O Dia em Que o Morro Descer e Não For Carnaval – Mãe Preta – Jongos 1 (Cangoma) – Jongos 2 (Na Fazenda do Senhor) – Jongos 3 (Cafezais) – Vá Cuidar da Sua Vida – Praça Onze – Gentrificasamba – Agoniza mas Não Morre – Direito de Sambar – Almirante Negro – Uma História Diferente – História Pra Ninar Gente Grande
Fotos AQUI por Joaquim Galante