“Animal” não só dá título ao novo single de Soarito, como estabelece à partida a energia que o artista angolano quis trazer para a sua mais recente colaboração. Depois de se cruzar com C4 Pedro em “O Lamento”, o cantor sediado em Luanda troca agora versos com outra das grandes referências da música angolana contemporânea.
Prodígio entra, assim, no rol de nomes de peso — T-Rex ou Black Spygo são outros à cabeça — que vão compondo a lista de colaborações de Soarito. A solo, o autor de temas como “Melanina”, “Arrepios” ou “Pedaço do Céu” editou Caixa Azul, já na recta final do ano passado, disco que consolidou a sua condição de talento bruto em pleno desenvolvimento, depois de uma série de lançamentos ilustrativos desse valor já desde os seus 16 anos de idade.
Com Shalom Beatz a assegurar, novamente, a produção de mais uma canção, “Animal” pouco tem, na verdade, de animalesco. Nesse aspecto, o tom deste novo single até se revela bem mais subtil do que seria de antever — com a verdadeira força entregue à arte da persuasão que, não obstante as diferentes idiossincrasias de cada integrante, os une numa característica autoral comum.
Em sintonia com o seu produtor de eleição, é sobre a batida tradicionalmente sedutora que Soarito desarma mais um refrão irresistível, para o qual o membro da Força Suprema retribui em doses de coolness reforçadas. Um encontro de gerações com códigos artísticos verdadeiramente compatíveis, revelador de uma química não replicável em laboratório, por muitas espécies raras que se emparelhem. Destas, ainda para mais juntas, não se encontram em mais lado nenhum.