Os The Waterboys, onde já só o escocês Mike Scott surge como membro fundador da banda, deram três concertos em Portugal na abertura da tournée europeia, a FOCUSMSN, esteve no concerto de abertura no Coliseu de Lisboa e, no último, no Casino Estoril, pelo meio uma passagem pelo Coliseu do Porto, com um denominador comum, os bilhetes esgotaram.
Confesso que, em 2019, aquando da passagem pelo Campo Pequeno, não fiquei muito impressionado com a performance da banda, gostei é certo, talvez tenha sentido um certo saudosismo e até alguma nostalgia, quem mais se destacou na época foi o violinista Steve Wickham, que actualmente não faz parte do grupo, mas por ser o concerto de encerramento do tour europeu eram capazes de estar a sentir algum desgaste, é normal.
Quatro anos passados e a imagem que tinha mudou radicalmente, talvez por desta vez terem iniciado o tour por Portugal, estavam cheios de energia, os dois concertos a que assisti foram deslumbrantes, um espectáculo de luz e som, até as novas orquestrações de músicas que foram sucesso mundial na década de 80, são divinas, assim como a presença em palco, de todos os elementos, foi soberba, com destaque para o teclista.
Num concerto de 2h 20min manter o ritmo alto não é fácil, mas tal como no Coliseu de Lisboa, no Casino Estoril a jovialidade do Mike Scott contagiou o público que cantou e vibrou com a banda do princípio ao fim.
Embora num ambiente diferente, mais intimista, com o público sentado, ainda assim, no salão preto e prata, a qualidade sonora manteve-se e nas icónicas canções dos The Watrerboys o público não se conteve e dançou ao som de por exemplo ‘Fisherman’s Blues’ ou de ‘Whole Of The Moon’ que foi a música de encerramento da tournée Portuguesa.
Longe dos holofotes que projectaram a banda a nível europeu nos idos anos 80, período em que lançaram dois álbuns com relativo sucesso, ‘This Is The Sea’ e ‘Fisherman’s Blues’, de onde se extraíram canções que foram top em alguns países, Mike Scott foi, no entanto, ao longo dos tempos experimentando diversas sonoridades, com influências da música celta, mistura folk com guitarra eléctrica, introdução de violino e teclados, num certo misticismo musical que é marca ‘registada’ da banda.
Os novos arranjos, mais eléctricos e mais enérgicos deram um novo folego ao grupo, que se adaptou aos novos tempos, resultando assim em concertos épicos, que irão ficar na memória de todos aqueles que tiveram a oportunidade de estar presentes.
Nota final para o Casino Estoril que, tal como o Mike Scott, se reinventa e acolhe frequentemente artistas de renome internacional e nacional no seu espaço, não se resume a maquinas de jogo, tem uma constante programação cultural, muitas delas de entrada gratuita, como música, teatro, exposições, etc., e a simpatia com que recebem os visitantes, num espaço onde pontifica o Lounge D com um ambiente agradável com bar e música, para um bom convívio familiar.
Alinhamento: Strange Boat – Where The Action Is – Glastonbury Song – How Long Will I Love You – Ladbroke Grove Symphony – A Girl Called Johnny – The Lake Isle Of Innesfree – This Is the Sea – Blackberry Girl – My Wanderings in the Weary Land – The Thrill Is Gone – Fisherman’s Blues – Once Were Brothers – Because the Night/Pan Within – Easy Rider – Medicine Bow – Long Strange Golden Road – In My Time on Earth – And a Bang on the Ear – The Whole of the Moon
Fotos dos concertos AQUI por Joaquim Galante