TAXI e UHF no mesmo palco dia 19 na Maia com muitas ondas de nostalgia

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Dias 18, 19 e 20 de Março, a Compact Recodrs Fest’22 vai juntar na Maia grandes nomes da música nacional e internacional.

Bandas como os Human League, Orchestral Manoeuvers in The Dark (OMD), Editors, Deus, Mão Morta, The Legendary Tigerman, The Last International ou The Gift irão pisar o palco nestes três dias de festival.

Num espectáculo promovido pela Compact Records, uma empresa nacional sediada na Maia, que se dedica a venda de material fonográfico e que representa algumas bandas nacionais e internacionais. De louvar estas iniciativas culturais/musicais, neste caso da Compact Records, por nos proporcionar um alinhamento mesclado de bandas de altíssimo nível onde se cruzam grupos com mais de 40 anos de palco com outras mais recentes, mas todas elas com marca no panorama musical nacional e internacional. Da lista de bandas acima descritas, propositadamente, não incluí no rol as duas principais bandas nacionais que revolucionaram o rock cantado em português e que com certeza são avós ou bisavós de algumas que irão pisar o palco da Maia porque merecem outro destaque. Sem elas, por ventura, algumas destas bandas nacionais acima mencionadas nem sequer existiriam.

A Compact Records, fundada em 1997, tocou a história da música portuguesa ao promover, 40 anos depois, o regresso delicioso ao passado musicalmente falando, quando Portugal ainda vivia um desagradável período pós-revolucionário, nos finais dos anos 70, início dos 80. Nessa altura apareceram os TAXI no Porto e os UHF em Lisboa e ‘rebentaram’, com o seu rock cantado em português, as tabelas de vendas em Portugal. Foi a lufada de ar fresco que precisávamos, mudou tudo, pois até aqui rock era sinónimo de bandas internacionais, nas rádios música em português só o fado e a denominada música ligeira.

Os TAXI e os UHF abriram horizontes, gostar de música rock afinal não era ser delinquente, trouxeram uma qualidade que imaginávamos impossível, trouxeram evolução técnica e instrumental, obrigaram a uma evolução ao nível dos palcos, como montar e organizar um concerto, etc. Passaram a ser a nossa referência, afinal também poderíamos ter bandas de rock portuguesas, algo que até então era inimaginável. TAXI e UHF abriram mentalidades e as portas ao nosso rock.

Além de um orgulho para a juventude, abriu-nos também horizontes musicais até então impensáveis, aderimos a este fenómeno, passamos a encher pavilhões e estádios onde estas bandas actuavam, foi a viragem de conceito, foi o BIG BANG do rock após o qual muitas bandas nasceram e algumas se tornaram estrelas, estou-me a lembrar dos Xutos & Pontapés, Rui Veloso, dos GNR, entre outras, mas foram imensas as que morreram sugadas pelo buraco negro.

Dia 19, os TAXI e os UHF irão pisar o mesmo palco, um a seguir ao outro como aconteceu inúmeras vezes em tempos longínquos mas que passaram tão depressa. Outrora grandes rivais, porque as editoras assim o alimentavam para impulsionar as vendas, João Grande (TAXI), o primeiro disco de ouro do rock em Portugal e AMR (UHF), segundo disco de ouro do rock e a banda mais antiga em actividade ininterrupta, ambos vocalistas, hoje grandes amigos, vão trazer à Maia muitas ondas de nostalgia. Para aqueles da minha geração será com certeza um dia de grandes memórias. A não perder.

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