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Festival Milagre Metaleiro um festival top em cartaz e organização

Festival Milagre Metaleiro um festival top em cartaz e organização

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O Festival Milagre Metaleiro, que aconteceu em Pindelo dos Milagres, São Pedro do Sul, uma aldeia muito mais pequena que o evento que ali se iria realizar, e que este ano, devido à previsão de afluência de metaleiros, esperavam-se 5.000 por dia, mudou-se para o parque industrial, foi para mim uma agradável surpresa.

Confesso que tinha muitas dúvidas em relação ao sucesso organizativo de um festival desta envergadura, muitas bandas (32), divididas por três dias, tempos entre bandas muito curtos, talvez algum amadorismo organizativo, afinal de contas, era organizado pela associação local e apesar de já terem experiência de anos anteriores, foi a 14ª edição do Milagre Metaleiro Open Air, este ano saltaram alguns patamares.

Num recinto com dois palcos, lado a lado, nunca tinha visto e já são festivais sem conta que faço cobertura, deram uma maior dinâmica ao evento e também mais comodidade ao público, acabava num palco 15 minutos depois começava no outro do lado, sem atrasos, tudo na hora certa, aliás as bandas tinham um relógio digital em contagem decrescente para não se empolgarem, tudo pensado ao pormenor.

A sala de imprensa em madeira, achei muito original, quando lá dentro, parecia que estávamos num bangalô no meio da floresta, mas assim que abríamos a porta para sair, era um calor infernal e muita poeira, aliás a poeira foi o único senão do evento, fica aqui a dica de para o ano regarem regularmente o recinto para evitar um pó que a todos incomoda, principalmente junto aos palcos.

Todas as bandas tinham um espaço de merchandising, havia insufláveis para as crianças, restaurante e muitos bares, o pagamento era feito através de uma pulseira previamente carregada, não havia policias, meia dúzia de seguranças, correu tudo ordeiramente, tudo cinco estrelas. Afinal de contas a organização deu uma lição de bem organizar, estão de parabéns, foram profissionais ao detalhe.

O público, fãs de ‘faca nos dentes’, com aqueles detalhes metálicos cravados no corpo, outros só na vestimenta, barbas grandes, cortes de cabelo a condizer, mas ao fim e ao cabo tudo gente civilizada, amistosos, muita camaradagem, o que só veio enriquecer a qualidade do festival, com o bom ambiente ali vivido.

No primeiro dia estiveram em palco, alternando entre o palco 2 e o palco 1, vou colocar os horários para terem uma ideia da dinâmica do evento, às 16:25 Voidwomb – 17:00 Frantic Amber – 17:45 Hadadanza – 18:30 Angus Mcsix – 19:15 Opera Magna – 20:00 Orden Ogan – 21:15 Blame Zeus – 22:00 Therion – 23:15 Shutter Down – 00:00 Moonspell – 01:35 Graveworm

No segundo dia e sempre com os mesmos horários, estiveram os Resurge – Arenia – Xhamain – Ravenblood – Toxikull – Eclipse – Aktarum – Dark Traquillity – Bliss Of Flesh – Stratovarius – Sacred Sin

No terceiro e último dia foi a vez dos Erzsebet – Enchantya – Dark Embrace – Serious Black – Boisson Divine – Grave Digger – Lujuria – Cradle of Filth – Hate Legions – Gigatron

Nesta minha crónica não vou dar destaque a bandas já consagradas como os portugueses Moonspell, Dark Tranquillity (uma das bandas pioneiras de death metal melódico) que vieram da Suécia, ou dos ingleses Cradle of Filth, entre algumas outras, mas sim destacar as bandas, menos conhecidas, que de uma forma ou outra me impressionaram a nivel musical e de presença em palco.

Diga-se, desde já, que o nível musical qualitativo do festival foi bastante elevado e equilibrado, por isso destacar bandas poderá ser injusto para algumas outras que estiveram em grande nível também, mas ainda assim vou dar destaque às suecas Frantic Amber, às espanholas Xhamain, Erzsebet e Hadadanza, e à portuguesa Enchantya.

Pela qualidade musical apresentada, pelo visual em palco, por toda uma encenação a condizer, e pela empolgação dos metaleiros que compunham o recinto, são para mim as bandas que melhor representam o futuro do ‘Symphonic e Death Black Metal’, melodioso e empolgante.

Os Erzsebet trouxeram-nos, de Barcelona, um concerto empolgante e conceptual, uma voz incrível, uma encenação soberba, em que a vocalista nos conta a história da rainha húngara Elizabeth Bathory, famosa pelos crimes hediondos que cometeu, relacionados com a sua obsessão pela beleza.

Os Xhamain, vieram de Vigo, e o destaque vai todo para a melodiosa voz de Mariah Fosado, uma banda que se caracteriza pelas suas melodias de metal gótico sinfónico céltico, uma cantora versátil, com muita qualidade vocal, poder-se-á dizer que a ‘menina do capuchinho preto’ encantou e cativou novos fãs. Uma agradável surpresa este grupo espanhol, com certeza, com muito futuro musical pela frente.

Os Hadadanza, trouxe de Alicante o ‘Circo dos Mortos’, uma aventura musical, mais colorida, mais alegre e muito divertida, um show para todas as idades e que veio dar mais leveza ao festival principalmente depois de terem actuado a seguir ao meu próximo destaque.

As Frantic Amber, a banda originária de Estocolmo, formam um grupo de várias nacionalidades, com a presença de membros suecos, dinamarqueses, japoneses e colombianos. Com um estilo ‘death metal melódico’, as canções são fortemente marcadas pelo contraste entre melodias e passagens muito mais pesadas, num metal intenso e com riffs pesados. Uma grande interpretação musical e visual da vocalista Elizabeth Andrews.

Os Enchantya, oriundos do Seixal, não são novatos nestas andanças, banda formada em 2005, que conta com Rute Fevereiro na voz (ex Black Widows, a primeira banda feminina de metal em Portugal), definem a sua sonoridade no metal gótico progressivo, e proporcionaram no Milagre Metaleiro mais um grande espectáculo musical. Banda com quase 20 anos de existência, onde os anos não se notam passar pela vocalista, que mantem intactas todas as suas qualidades vocais e energia em palco, mostraram que ainda têm muito para dar ao heavy metal nacional.

Foi o resumo de três dias no Festival Milagre Metaleiro, que decorreu ente 25 e 27 de Setembro, um festival que com este cartaz e organização está no topo dos festivais de metal que se organizam por aí fora. Ficamos a aguardar ansiosamente pelo cartaz de 2024.

Fotos do concerto AQUI por Joaquim Galante (em actualização)

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